domingo, 14 de abril de 2013

A Murici de Renan Calheiros e a minha Igarapava querida !

Lendo esta noite uma matéria assinada pela jornalista Gabriele Jimenez da revista Veja, edição 2317, ano 46, nº 16, do dia 17 de abril de 2013, página 88, não pude deixar de me recordar e criar um paralelo entre a minha cidade natal e o pequeno curral eleitoral da família Calheiros, a pobre cidadezinha de Murici, que me fez recordar as várias semelhanças existentes entre as centenas de pequenas cidades brasileiras.

O texto de Gabriele é uma radiografia da grande maioria das pequenas cidades brasileiras que nos causam indignação e repulsa sempre que assistimos ou lemos alguma notícia sobre a pobreza patrocinada por maus políticos intencionados apenas em sua perpetuação no poder com o objetivo claro de enriquecimento e nada mais. E a notícia é que este cenário jamais mudará!

Uma cidade de interior, longe das vistas da fiscalização de pessoas honestas, com cerca de 27 mil habitantes, onde a política se tornou um curral eleitoral de uma ou duas famílias é a imagem mais comum no Brasil atual e o que mais me deixa indignado e sem esperança de mudanças é que a população destes currais apoia essa situação e se conforma em receber as migalhas que sobram do roubo destes cofres. Aceitam empregos de subsistência em cargos claramente cabideiros, que servem apenas para pagar as contas de água e luz ou pagar o financiamento de 60 meses de um carro popular. E vivem felizes para sempre!

 
Gabriele menciona o caso de um funcionário da prefeitura de Murici, chamado Claudivan Maurício de Souza, vulgo Lobinho, que está extremamente feliz com a situação de completa miséria da grande maioria da população, pois ele, acabou de receber uma casa, mesmo tendo tantas pessoas em situação mais precária e o mais assustador ainda é que ele aceita dar uma entrevista para justificar o injustificável. Foi ai que me lembrei novamente da cidade onde nasci, que também entregou casas populares para vereadores e funcionários de alto escalão da prefeitura.

Igarapava, no interior de São Paulo, é a irmã gêmea da pequena Murici, o curral da família Calheiros, e preserva a mesma velha política assistencialista, cujas raízes remontam o coronelismo bem lembrado por Gabriele. Exatamente como Murici, a cidade de Igarapava possui cerca de 1.200 funcionários na administração pública, o que transforma a prefeitura na maior empregadora e quem não consegue um empreguinho de subsistência na prefeitura, acaba se conformando com pequenos salários no comércio local, que é uma das maiores fontes de notas fiscais frias que irrigam a prefeitura com o objetivo de auxiliar no desvio dos recursos públicos praticados por assessores ou aspones do prefeito samambaia.


É comum presenciar tais assessores visitando pequenas mercearias para recolher notas fiscais com valores irreais e acima do que realmente foi comprado pela prefeitura, exatamente para arrecadar os recursos para pagar as dívidas de campanha ou compor os recursos para a próxima eleição. Enfim, a conclusão é uma só: prefeituras de cidades do interior são usadas para o enriquecimento de uma minoria cada vez mais bem organizada e unida, que causaria muita inveja em personagens como Al Capone e Fernandinho Beira Mar.


Esse é o retrato mais fiel da política no Brasil e mesmo assim as oportunidades de crescimento ocorrem. Imaginem se tivessemos políticos honestos e preocupados verdadeiramente com as nossas cidades? Morariamos em verdadeiros oásis de prosperidade, com emprego, moradia, educação e saúde de qualidade para todos de forma gratuita e digna. Pense nisso!