terça-feira, 12 de agosto de 2014

A ÁGUA ACABOU, E AGORA?

A humanidade chegou a um ponto evolutivo onde as crianças das grandes cidades acreditam piamente que a água nasce dentro de uma garrafa ou saem de uma represa e chegam nas torneiras graças a água da chuva. Coitado de São Pedro! Eles realmente acreditam que se não chover vai faltar água.

A culpa disso é dos nossos grandes especialistas que venho acompanhando em entrevistas diárias nos mais variados meios de comunicação. Venho assistindo especialistas, políticos, professores universitários, meteorologistas e outros, afirmarem que as formas para se amenizar a atual falta de água é o racionamento, o desvios de cursos de alguns rios, a interligação de represas e reservatórios, a adoção de políticas de reuso de água, a criação de novas formas de distribuição e até a contratação de índios especializados na dança da chuva.

Hoje mesmo assistindo um telejornal, vi uma jornalista muito bem conceituada dar um puxão de orelha a um integrante da Agência Nacional de Águas – a ANA, perguntando a ele se estávamos somente nas mãos de São Pedro e a resposta me surpreendeu de tal forma que não resisti e me sentei para escrever este texto, pois o representante do governo federal disse que “sim” e também deu a entender que a culpa pela atual situação de falta de água se deve, além da falta de chuvas, a uma falta de planejamento de longo prazo que evitaria a atual situação crítica em várias regiões brasileiras.


Mas o que mais me incomoda e me deixa ainda mais assustado nesse cenário é o total silêncio de todos os ditos “especialistas” em água que simplesmente não dizem a verdade aos brasileiros. A verdade é que as grandes empresas agropecuárias e extrativistas vem há anos eliminando as nascentes para a ampliação das áreas de plantio e pastagem.

A região do nordeste paulista é um exemplo muito claro desse crime ambiental, que foi cometido no passado, mais precisamente entre os anos de 1911 e 2012, quando as usinas de açúcar e álcool simplesmente aterraram incontáveis nascentes para aproveitar a maior parte possível das terras arrendadas dos sitiantes e fazendeiros que viram na monocultura da cana-de-açúcar a solução para trabalhar menos e ganhar mais.

Outro ramo que adota a mesma estratégia são os cultivos de milho e soja que necessitam de grandes extensões de terras para obterem lucros significativos. Até as áreas utilizadas para o plantio de eucaliptos podem estar contribuindo para a morte de diversas nascentes, mesmo alguns “especialistas” garantindo que o eucalipto não retira muita água do solo, fato que preciso estudar mais detalhadamente. A falta de água não deve ser creditada na conta de São Pedro, como muitos políticos insistem em tentar fazê-lo, mas sim na conta da ganância financeira de todos os “especialistas” que escondem da grande maioria da população os reais fatores que levou as nossas cidades a estarem sofrendo com a falta aguda de água potável.

Os brasileiros ainda não entenderam que não existe mais espaço para discursos de justificativas. O momento é para pessoas sérias e competentes e não devemos esperar soluções inteligentes e definitivas de políticos e empresas que apenas visam lucro e crescimento pessoal. Água é elemento essencial a vida e não deve ficar na mão de amadores e contadores de histórias. O assunto é sério demais para deixarmos na conta de São Pedro, por mais que possamos ter fé. Não é a falta de chuvas que está acabando com nossas águas. O desmatamento dos sítios de nossos avós é que estão eliminando as nossas fontes de geração de água. Faça um teste: Plante algumas árvores no fundo de sua casa e veja como a umidade do solo muda!


Pense nisso!!!