sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A LIÇÃO DA PETROBRÁS

Assistir aos noticiários ultimamente têm sido um exercício penoso e cansativo para a minoria da população brasileira. As notícias de corrupção são mais comuns do que choro em novela mexicana ou traição na novela das nove. Digo minoria porque a grande massa já vê na corrupção e no desvio de recursos públicos, algo banal e até correto em muitos casos. Não são raros os casos de pessoas que dizem: “Se fosse prefeito faria a mesma coisa, roubaria para garantir o meu futuro”. 

Vislumbramos o desenrolar dos acontecimentos na Petrobrás com a mesma passividade que assistimos as notícias sobre morte, terrorismo ou outra calamidade qualquer. Tudo ficou natural. Tenho a impressão de que a grande maioria da população concorda com atitudes como estas. Não é mais possível acreditar em nenhum gestor público, o que torna os atos praticados pelos administradores da Petrobrás tão irrelevantes para a grande parte da população é exatamente a familiaridade com que isso é tratado dentro de nossos lares atualmente. 

Nunca, na história deste país, tanta gente se beneficiou de dinheiro público para garantir o leitinho das crianças. Nada que estamos assistindo no caso da Petrobrás é novidade para ninguém, pois diariamente, uma grande quantidade de brasileiros assiste fatos semelhantes em prefeituras e órgãos públicos Brasil afora. São casos diários de prefeitos e vereadores desviando recursos da saúde e da educação, deixando brasileiros menos esclarecidos em filas de hospitais ou crianças sem merenda escolar digna, sem professores qualificados, transformando roubo em rotina.
Hoje é otário o cidadão que deseja um trabalho digno, com carteira assinada. Os verdadeiros modelos de competência e sucesso são os malandros, os espertos que desviam tudo e roubam o futuro de um povo passivo e acomodado. É essa a lição da Petrobrás. Devemos ensinar aos nossos filhos que o certo é roubar o dinheiro público. Atribuida a Rui Barbosa, existe uma frase bem conhecida que retrata o meu atual sentimento sobre o que venho presenciando. A frase é: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” 

Como explicar a um filho que o certo é estudar, se preparar, ser um profissional e um homem com valores focados na honra e na honestidade se, diariamente, os noticiários ensinam que é mais eficiente e prático, ser possuidor de um cargo comissionado, cuja indicação, veio de um “amigo político”? Como explicar que para ser um funcionário público mediano, com salário mediano e vida mediana, devemos ter graduação superior, mestrado, domínio de dois ou mais idiomas e estudar infinitas horas para ser aprovado em um concurso público, enquanto que o diretor do nosso departamento provavelmente nunca precisará prestar um concurso público, bastando a ele ser “amiguinho” de um político, que terá altos cargos e salários, sem esforço algum? 

Viva o Brasil de Rui Barbosa e da Petrobrás!!!

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

BRASIL 1932 : 2014 – A HISTÓRIA SE REPETE

São diversas as teorias de evolução da história da humanidade. Alguns defendem que a história é regida por fatos lineares planejados por Deus como preconizava Santo Agostinho (350-430), fatos estes que teriam desenvolvimento em uma linha secular de evolução até alcançar um certo estágio ou ponto final que culminaria com o assustador Juízo Final pregado por grande parte das religiões mundo afora. Voltaire (1694-1778) seguiu a mesma linha de raciocínio de Santo Agostinho, eliminando as interferências religiosas, afirmando que a evolução humana ocorre em estágios de conhecimento, fato que Karl Marx (1818-1883) destacou de outra forma, como uma evolução na luta de classes que levaria a ditadura da classe trabalhadora, alcançando um estágio de comunismo puro.

Em outra vertente ainda mais antiga, os pensadores gregos Heródoto (o Pai da História, 484-424 AC) e Tucídedes (460-404 AC) defendiam que a evolução da humanidade ocorria de acordo com ciclos que se repetiam ao longo dos tempos, sem a influência dos homens. Maquiavel (1469-1527) defendia os ciclos de evolução, destacando que os ciclos eram o resultado de estratégias políticas e analisando as eleições de 2014 para presidente da República começo a ver as ideias de Maquiavel de forma mais clara.


Se retornarmos ao Brasil de 1930, vamos encontrar o estado de Minas Gerais liderando, em conjunto com o Rio Grande do Sul e a Paraíba, uma revolta armada que culmina com o golpe de Estado que depôs Washington Luís impedindo a posse de Júlio Prestes e dando um fim a política do café-com-leite. O fato que poucos mencionam é que um dos motivos que mais influenciou na derrubada do Governo foi a Grande Depressão de 1929 que atingia em cheio os preços do café no Brasil, gerando uma crise econômica de grande impacto na sociedade. Para aumentar ainda mais o descontentamento de São Paulo, Getúlio Vargas nomeia João Alberto Lins de Barros como interventor do Estado, tratado pelos paulistas como “O pernambucano” ou como o “forasteiro e plebeu”.

São Paulo era tratado pelo Governo Federal como “terra conquistada” governado por tenentes de outros estados devido ao fato de Getúlio Vargas ter tido apenas 10% dos votos paulistas contra os 90% de votos dados ao candidato Júlio Prestes nas eleições de 1930. Com a morte de 5 jovens no centro de São Paulo, no dia 23 de maio de 1932, explode a revolta paulista. A Revolução Constitucionalista era a luta entre duas ideias de democracia que vigoravam no Brasil naquele momento: Democracia Social e Democracia Liberal. A Democracia Liberal, de acordo com Getúlio Vargas, era uma enganação para manter a oligarquia no poder, enquanto a Democracia Social era considerada caso de polícia como mencionado por Washington Luís - “A agitação operária é uma questão que interessa mais à ordem pública do que à ordem social, representa o estado de espírito de alguns operários, mas não de toda a sociedade!”.

Com esse clima de revolta, no dia 9 de julho de 1932 inicia-se o levante revolucionário, com os paulistas acreditando ter o apoio de outros estados, principalmente Minas Gerais. Porém, a traição de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, que se mantiveram ao lado de Getúlio Vargas, São Paulo de viu sozinho em uma luta desigual que durou 87 dias, levando o estado paulista a se render frente a desigualdade. Apesar da derrota militar, os paulistas conseguiram uma vitória moral que levou as eleições de 1933, tendo como uma das principais conquistas, o voto feminino pela primeira vez na história do Brasil, criando um clima de reconstitucionalização do país, culminando com a Constituição de 1934.


Hoje, em 2014, assistimos os mesmos fatos, com novos personagens e novas armas, mas a história é assustadoramente semelhante. As eleições dividiram o Brasil entre oligarcas e operários, entre ricos e pobres, tendo um pernambucano como ator central e uma disputa entre democracia social e democracia liberal, tendo como pano de fundo a situação econômica brasileira. A face mais intrigante desta história renovada e cíclica é o papel de Minas Gerais, novamente sendo o elemento que defini o futuro brasileiro. Em 1932, a traição contra os paulistas levou a uma derrota que gerou um fruto maior, a redemocratização do país. E agora Minas Gerais opta por apoiar a democracia social em detrimento da democracia liberal, mantendo o mesmo alinhamento do passado, repetindo as escolhas e a história. A história é ou não é cíclica? Repetimos ou não os erros e acertos do passado? Vale uma reflexão mais profunda sobre a evolução de humanidade!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

QUANTO CUSTA SER VEREADOR OU DEPUTADO NO BRASIL ?

Por trás do conteúdo irônico de muitos comentários que ouvimos diariamente na fila do banco, na padaria, na conversa de bar ou em um comentário em alguma rede social, existe uma verdade cruel e que é o centro de uma questão muito séria. Porque nossas cidades nunca melhoram a qualidade de vida de seus moradores? A culpa é de quem, afinal?

A resposta é ainda mais cruel do que se pode imaginar. Quando um cidadão qualquer aceita receber gasolina gratuita, cedida por algum candidato a vereador ou deputado, está acabando com o sonho de milhares de pessoas. É triste dizer isso, mas na verdade não existem políticos corruptos ou mal intencionados, os verdadeiros vilões dessa história somos nós, meros eleitores, que em troca de areia, cimento e gasolina, vendemos muito, mas muito barato o nosso voto.

A crítica é dura e real. Somos péssimos cidadãos! Aceitamos esmolas e ainda nos vangloriamos dessa atitude. Esta realidade é mais comum do que podemos imaginar. Estamos neste momento passando por uma campanha eleitoral para elegermos deputados federais e estaduais e ouvi em uma fila de banco esta semana, um jovem de aproximadamente uns 25 anos, feliz por ter recebido alguns litros de gasolina de um candidato a deputado nascido na cidadezinha que não vem ao caso mencionar o nome.

Repito, a criança estava feliz por ter recebido “gratuitamente” alguns litros de gasolina. Lógico que essa gratuidade só existe na cabecinha desse idiota, pois o candidato a deputado em questão já havia utilizado o mesmo modus operandi nas eleições municipais de 2012. Naquele momento ele conseguiu eleger facilmente cinco, repito, cinco vereadores na mesma cidade. Mas o que o “menino feliz” que recebeu a gasolina nem imagina o quanto cada um destes vereadores já recebeu em pouco menos de 2 anos de mandato.



Na imaginação desse garoto que se julga muito esperto por ter dirigido seu velho carro durante uns 2 meses sem gastar gasolina e ostentando um adesivo do “amigo e amado” candidato, ele saiu ganhando. Nossa, que garoto inteligente...!!! Vamos fazer a conta para ver como ele é esperto. Um litro de gasolina custa em média uns R$ 2,80 atualmente. Sabendo que ele recebeu uns 90 litros no máximo, neste período eleitoral em troca de ostentar um adesivo em seu carro do ano, chegamos a um montante de R$ 252,00 (Duzentos e cinquenta e dois reais).

Assim, para termos uns 800 votos e garantir uma cadeira como vereador numa cidadezinha do interior, podemos deduzir que um candidato gastou em média uns R$ 200 mil somente com gasolina para garantir um carro adesivado. Acrescentando a este valor mais uns R$ 300 mil em material gráfico e mídia, chegamos a um valor de aproximadamente R$ 500 mil, ou seja, como cerca de meio milhão de reais, conseguimos eleger um vereador atualmente.

Este valor parece alto, mas não é. É um belo investimento se pensarmos friamente, pois é o vereador que vai aprovar as contas do prefeito samambaia, ou seja, se em uma cidade com 9 vereadores, por exemplo, gastarmos cerca de R$ 2,5 milhões, conseguimos eleger a maioria da câmara de vereadores e dormir tranquilo durante 4 anos, pois estes vereadores estarão presos ao prefeito, que pagou a campanha deles. E digo mais, em quanto tempo conseguimos recuperar esse investimento? A resposta? Em no máximo 6 meses desenvolveremos este dinheiro para o financiador da campanha.


 Assim, quem desejar ser prefeito, vereador ou deputado, poderá a partir de hoje iniciar as conversas com alguns empresários para garantir 4 anos de muito dinheiro. E o garoto esperto, que conta vantagem na fila do banco, dizendo que está “ganhando” de graça alguns litros de gasolina de um político? Esquece, daqui a dois anos esse trouxa vai te procurar de novo pedindo gasolina, areia, cimento, tijolo ou o patrocínio para um churrasquinho com os amigos...e você, lógico que deve pagar. É muito barato ser político no Brasil e o que mais existe são “garotos espertos” por aí.

domingo, 7 de setembro de 2014

PRETO POBRE, POBRE PRETO !!!

Aos 192 anos da Independência do Brasil, que culminou com a nossa emancipação “política” de Portugal, não temos muito a comemorar. Somos uma nação, é verdade, mas nada independente em inúmeros assuntos. Ainda não aprendemos a caminhar sozinhos. Estamos imitando nossos antepassados e outras nações em quase tudo. Somos uma nação de personalidade pobre e imatura. Para todos os lados que olhamos estamos sofrendo influências negativas, que adotamos como nossas de maneira inconsciente e ainda nos vangloriamos de ser uma nação livre e moderna, mas será que realmente somos?


Pelo menos em um ponto ainda carregamos a herança maldita adquirida mesmo antes da chegada dos portugueses. Estou me referindo a escravidão, que muitos aprenderam nos acentos escolares ser uma prática portuguesa, mas que na verdade já ocorria entre os indígenas e só foi apropriada pelos colonizadores, que até condecoravam alguns líderes indígenas com o título de “Dom”, que passavam a ser verdadeiros nobres do Rei de Portugal. Não pretendo aqui enumerar as cruéis e desumanas formas de castigos e humilhações que tupinambás, tapuias, portugueses e espanhóis praticavam em terras brasileiras de forma oficial até o famoso dia 13 de maio de 1.888, onde, pelo menos no papel, declaramos “nossos” negros livres.


Transcorridos 126 anos da Lei Áurea, continuamos assistindo claras e cada vez mais agressivas manifestações da mais pura crueldade herdada de nossos antepassados indígenas e europeus. Assistir a uma “menina” imatura de 23 anos gritando a plenos pulmões a palavra “macaco” em frente a várias câmeras e com os olhos brilhantes de tanta raiva e intolerância só reforça como estamos educando nossas crianças. Tal fúria me trouxe lembranças pessoais.

Me lembrei perfeitamente de um fato ocorrido comigo no ano de 2.002, onde fui chamado de “pretinho pobre” semanas antes de uma data que não cabe a mim detalhar neste momento, mas que cabe sim, expressar o sentimento que percorreu minhas veias e mente. Entendi exatamente o que o goleiro Aranha sentiu. Uma mistura de revolta e uma sensação de impotência que nos deixa descrente da raça humana. Estamos vivendo no Brasil, um momento da história onde, num futuro muito distante, teremos vergonha de descrever. A intolerância não é só em relação a cor da pele, mas também em relação a nossas crenças religiosas, a orientação sexual e a classe social.

Nossa involução é tamanha que já copiamos a intolerância religiosa, algo até então inédito no Brasil. Nunca antes assistimos tantas igrejas tendo suas imagens religiosas sendo destruídas por ditos “cristãos”, tema que deveríamos começar a estudar nas universidades pois, não é possível ainda estarmos dependentes de tanta imaturidade e raiva. Temos raiva dos negros, dos católicos, dos homossexuais e dos pobres. Se as grandes fortunas no Brasil está nas mãos de 1% da população, porque os 99% restantes se julgam no direito de serem superiores em algo? Quem lhes concedeu o título de “Dom”? Somos um país de terceiro mundo e vivemos de migalhas tecnológicas das grandes potências! Ter um carro de R$ 100 mil ou uma casa de R$ 1 milhão não te dá o direito de agredir o favelado, mas só mostra o quanto se é dependente de autoafirmação.



Ser “classe média” no Brasil é o mesmo que ser favelado na Europa. O valor do dinheiro muda em cada esquina do mundo, mas o caráter, o respeito ao próximo e a dignidade são universais. Pense nisso. Não é a cor dos olhos, da pele ou o dinheiro que possuímos nossos maiores bens.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

A ÁGUA ACABOU, E AGORA?

A humanidade chegou a um ponto evolutivo onde as crianças das grandes cidades acreditam piamente que a água nasce dentro de uma garrafa ou saem de uma represa e chegam nas torneiras graças a água da chuva. Coitado de São Pedro! Eles realmente acreditam que se não chover vai faltar água.

A culpa disso é dos nossos grandes especialistas que venho acompanhando em entrevistas diárias nos mais variados meios de comunicação. Venho assistindo especialistas, políticos, professores universitários, meteorologistas e outros, afirmarem que as formas para se amenizar a atual falta de água é o racionamento, o desvios de cursos de alguns rios, a interligação de represas e reservatórios, a adoção de políticas de reuso de água, a criação de novas formas de distribuição e até a contratação de índios especializados na dança da chuva.

Hoje mesmo assistindo um telejornal, vi uma jornalista muito bem conceituada dar um puxão de orelha a um integrante da Agência Nacional de Águas – a ANA, perguntando a ele se estávamos somente nas mãos de São Pedro e a resposta me surpreendeu de tal forma que não resisti e me sentei para escrever este texto, pois o representante do governo federal disse que “sim” e também deu a entender que a culpa pela atual situação de falta de água se deve, além da falta de chuvas, a uma falta de planejamento de longo prazo que evitaria a atual situação crítica em várias regiões brasileiras.


Mas o que mais me incomoda e me deixa ainda mais assustado nesse cenário é o total silêncio de todos os ditos “especialistas” em água que simplesmente não dizem a verdade aos brasileiros. A verdade é que as grandes empresas agropecuárias e extrativistas vem há anos eliminando as nascentes para a ampliação das áreas de plantio e pastagem.

A região do nordeste paulista é um exemplo muito claro desse crime ambiental, que foi cometido no passado, mais precisamente entre os anos de 1911 e 2012, quando as usinas de açúcar e álcool simplesmente aterraram incontáveis nascentes para aproveitar a maior parte possível das terras arrendadas dos sitiantes e fazendeiros que viram na monocultura da cana-de-açúcar a solução para trabalhar menos e ganhar mais.

Outro ramo que adota a mesma estratégia são os cultivos de milho e soja que necessitam de grandes extensões de terras para obterem lucros significativos. Até as áreas utilizadas para o plantio de eucaliptos podem estar contribuindo para a morte de diversas nascentes, mesmo alguns “especialistas” garantindo que o eucalipto não retira muita água do solo, fato que preciso estudar mais detalhadamente. A falta de água não deve ser creditada na conta de São Pedro, como muitos políticos insistem em tentar fazê-lo, mas sim na conta da ganância financeira de todos os “especialistas” que escondem da grande maioria da população os reais fatores que levou as nossas cidades a estarem sofrendo com a falta aguda de água potável.

Os brasileiros ainda não entenderam que não existe mais espaço para discursos de justificativas. O momento é para pessoas sérias e competentes e não devemos esperar soluções inteligentes e definitivas de políticos e empresas que apenas visam lucro e crescimento pessoal. Água é elemento essencial a vida e não deve ficar na mão de amadores e contadores de histórias. O assunto é sério demais para deixarmos na conta de São Pedro, por mais que possamos ter fé. Não é a falta de chuvas que está acabando com nossas águas. O desmatamento dos sítios de nossos avós é que estão eliminando as nossas fontes de geração de água. Faça um teste: Plante algumas árvores no fundo de sua casa e veja como a umidade do solo muda!


Pense nisso!!!

terça-feira, 8 de julho de 2014

QUE BOM, O MALANDRO PERDEU, FINALMENTE !

O dia 08 de julho de 2.014 acaba de entrar para a história da humanidade e será lembrada e comentada nos próximos 100 anos e caberá a todos tirar lições boas ou ruins. Após o final do jogo de futebol onde eu vi a seleção brasileira perder de forma exemplar para a seleção alemã por um placar incrível de 7 a 1, sem contar a aula de organização, dedicação e tática.

Cabe a nós começarmos a mudar nossa mentalidade sobre nossos valores pessoais e coletivos. Um país que tem no futebol e no carnaval os seus maiores valores, nunca poderá ser levado a sério. Veremos milhares de brasileiros chorando pela perda da segunda Copa do Mundo no Brasil e vamos assistir semanas de discussões nos meios de comunicação tentando entender o ocorrido e vamos ter uma arrogância tamanha de não admitir o real motivo desta lição de vida que me assusta.

Iremos culpar o técnico, os jogadores, a bola, a grama, o papagaio e o periquito, tentando encontrar o grande culpado pela derrota vexatória, mas jamais teremos a serenidade e a grandeza de enxergar que vivemos num país de ilusões, não só no futebol, mas em qualquer área que analisarmos friamente.


Se compararmos a seriedade alemã nas mais diversas áreas e a nossa total falta de compromisso poderemos entender melhor este fato. O Brasil é realmente um país que menospreza a formação profissional, ignora a importância de preparar melhor nossas crianças, e vive privilegiando o "jeitinho", torcendo que tudo dará certo e que Deus é brasileiro.

Durante os preparativos para a Copa do Mundo assistimos centenas de manifestações denunciando os desvios de recursos e o superfaturamento das obras dos estádios e o resultado não seria outro. Triste ver um povo ser tão enganado e usado. Hoje venceu a seriedade e a organização e perdeu o malandro, felizmente.

Espero estarmos conscientes deste fato e que tiremos algo de bom desta lição. Já é hora de levarmos a vida mais a sério e criar uma sociedade mais justa, honesta e trabalhadora. Não existe mais espaço para a malandragem nem na política e nem nos negócios. Vamos prestar mais atenção em quem votamos e em como levamos nossa vida.

Eleger um prefeito só para garantir um emprego para você ou seu filho não é a forma correta de levar a vida. Estamos ensinando valores errados para nossas crianças. Não tenha orgulho de ser muito esperto e de passar os outros para trás. Levar vantagem em tudo não é o caminho. Vejam o exemplo da Alemanha, um país organizado e justo, que não dá espaço para malandros. Pensem nisso !!!


sexta-feira, 4 de julho de 2014

A REGRA DOS 10%

No Brasil, a cultura dos 10% de comissão destrói qualquer iniciativa ou projeto que poderia melhorar a vida dos moradores de nossas cidades. Há mais de 4 anos venho desenvolvendo projetos e firmando parcerias com o objetivo de ofertar soluções inteligentes e de baixo custo que melhorem os serviços públicos em todo o território brasileiro.

Muitas madrugadas na frente de livros e leis pesquisando formas simples e ao mesmo tempo inovadoras de gerir cidades. Algumas soluções encontrei participando de eventos e conferências de pouca divulgação mas que apresentaram excelentes alternativas para que qualquer cidade possa melhorar alguma área específica, como por exemplo a saúde pública, que podemos concordar ser uma doença crônica em estado terminal no nosso país.

Todo este tempo analisando as causas dos problemas em nossas cidades me levou a concluir claramente que a culpa é do Estado, o que não deve ser novidade para ninguém. A causa está nas pessoas que detêm o poder. Um dos maiores erros da história brasileira recente foi a municipalização da saúde e da educação, que não vou entrar muito no detalhes neste artigo, mas que prometo voltar ao tema em momento mais oportuno. Apenas citei a municipalização destas duas áreas para dizer que deixar na mão de prefeitos, a saúde e a educação de nossos filhos, foi nosso maior erro em mais de 500 anos de existência desta país.

O Estado transferiu a responsabilidade da educação e da saúde dos brasileiros para pessoas de caráter e competência duvidosos. Deixar um prefeito irresponsável cuidar da saúde e da educação das crianças brasileiras está criando uma geração medíocre e muito despreparada. O nosso futuro será ainda mais complicado do que o que vivemos hoje. Mas não para por aí. A municipalização de diversos serviços, transferiu para a mão de pessoas de má índole, a gestão de verdadeiras fortunas, que servem apenas para encher os bolsos de meia dúzia de pessoas.



Em 99% dos casos, quando falo com algum prefeito ou algum assessor ligado a administração municipal, e apresento as soluções simples e juridicamente perfeitas, que poderiam mudar para melhor algumas comunidades. de forma muito rápida, esbarro na tal regra dos 10%. Que regra é esta?

A regra dos 10% é simples e implacável. Sempre que algum político ou pessoa ligada ao mesmo fica sabendo e conhecendo as soluções, logo questionam se terão o "direito" a uma comissão de 10% caso implante a solução. A negociação nunca é levada para a esfera da melhoria que tal projeto apresenta. Políticos não querem nem ouvir esta parte da explicação, querem apenas saber, como vão receber os seus 10% para implementar a solução.

Não sei onde nasceu a Regra dos 10%, mas temos hoje no Brasil, uma falta de caráter e uma sede por dinheiro que inviabiliza qualquer boa ideia ou projeto honesto. E se os projetos se consolidam, nascem já com o dobro do custo real. A cadeia de 10% que é agregada nas negociações na maioria das vezes é superior ao preço do projeto ou solução.

A população é a ponta mais fraca desta regra pois, sempre ficam com apenas 10% dos benefícios de um projeto de interesse social. Não se enganem, se na sua cidade está sendo construído algo, tenham a certeza de que se esta obra fosse feita sem a Regra dos 10%, ela custaria a metade do preço.

Abram o olho, estamos sendo roubados diariamente !!!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

SOMOS MESMO EVOLUÍDOS ?

Para os não entendidos em Latim, a frase “Panem et Circenses” quer dizer “Pão e Circo”, uma frase extraída da Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (100 d.C.), que criticava a falta de informação do povo do Império Romano. A falta de informação e interesse pelos assuntos políticos não é privilégio dos brasileiros do século XXI. Este desinteresse ocorre há mais de 2.014 anos e continua forte e cada vez mais consistente.
A maior parte da população continua no mesmo grau evolutivo que possuía quando um rapaz chamado Jesus Cristo ainda caminhava sobre esta terra. Hoje ainda é mais atrativo o alimento e o divertimento. Pessoas humildes e de poucas condições financeiras se amontoam em favelas de grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, em habitações precárias, em espaços reduzidos, sem saneamento básico e sofrendo com subempregos que pagam apenas um salário mínimo mensalmente.














Nestas condições, nascem as revoltas sociais que estamos assistindo diariamente e o planejamento estratégico das políticas públicas atuais encontrado para acalmar essa quantidade cada vez maior de pessoas de baixa evolução intelectual é distribuir comida (Bolsa Família) e promover eventos para distrair o povo, fazendo com que todos esqueçam dos problemas mais sérios da sociedade, como a falta de serviços básicos de saúde, educação, transporte, saneamento básico e habitação.
Era exatamente assim que os Imperadores romanos faziam, distribuindo cereais mensalmente no Pórtico de Minucius e construindo “Arenas” (esse termo lhe é comum? Eu me lembrei de Estádios de Futebol) onde realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores (MMA e UFC), animais ferozes (Festa de Rodeio), corridas de bigas (Fórmula 1), palhaços (Futebol), acrobacias (Cirque du Soleil) e bandas (Rock in Rio). Estes “presentes” ao povo romano garantia a paz e o contentamento, gerando uma popularidade absoluta ao Imperador (vide a fama de alguns de nossos políticos) perante os mais humildes e menos esclarecidos.
Hoje ligo a televisão ou leio um jornal e tenho uma gostosa sensação de que a qualquer momento vou me encontrar pessoalmente com Marco Antônio ou Nero e me divertir um bocado ateando fogo em alguma cidadezinha. Mudamos as vestimentas, as formas de construir casas e as maneiras de deslocamento entre as cidades, tendo mais facilidade para chegar em pontos distantes do Império, sem a necessidade de utilizar cavalos, mas EVOLUÇÃO?
Me desculpem alertá-los que “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais” (Belchior).

Pense nisso!!!

terça-feira, 6 de maio de 2014

TRANSPORTE DE ESTUDANTES - O CÚMULO DA INCOMPETÊNCIA OU UMA FORMA SOFISTICADA DE DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO?

Recentemente em visita a minha terra natal, uma cidadezinha esquecida e abandonada na divisa de Minas Gerais e São Paulo, pude constatar que nada muda há mais de 100 anos. Me deparei com um daqueles jornalecos distribuídos gratuitamente por pessoas ligadas a administração municipal, caso aliás, bem recorrente no meio político brasileiro, onde pessoas de má índole utilizam os meios de comunicação, principalmente jornais e rádios locais, para literalmente enganar a opinião pública sobre as reais intenções.
Lógico que o jornaleco só veiculava notícias maravilhosas, como ações inovadoras na área de esporte, saúde, educação e uma matéria “jornalítica” (a controvérsia sobre esse tema) que anunciava aos quatro cantos que a prefeitura municipal estava oferecendo de forma “gratuita” um “favor” aos estudantes universitários. Dizia a matéria “Com recursos próprios do município, atual administração proporciona transporte a milhares de estudantes universitários. Ao contrário do que a maioria pensa, o prefeito não tem obrigação legal para dar, de graça, o transporte dos estudantes. Mas o faz por uma questão moral. Transporte municipal teve alterações para facilitar a vida dos estudantes.”
Vejam como é discreta a forma de manipular a opinião de pessoas desinformadas. De forma clara, o jornaleco dá a entender que o “prefeito samambaia” é um ser “iluminado” que proporciona “favores” eternos aos jovens estudantes de seu querido município. Ainda na mesma matéria “jornalística” li outro absurdo tão grande que ficou impossível deixar passar batido. O texto dizia “No geral, a Prefeitura Municipal de […], cede ônibus para um total de 1.012 alunos em 2014. Em 2013 eram transportados 813 alunos, dessa forma, houve um aumento de 25% de alunos em relação ao ano anterior.”
Vamos analisar estas duas afirmações que me acionou o meu alarme contra desvios de recursos públicos na grande maioria das cidadezinhas Brasil afora. A primeira diz que o poder público não têm “obrigação” de disponibilizar transporte público a estudantes e a segunda que o número expressivo de alunos atendido é um “favor” do “prefeito samambaia”. A quem desconhece a legislação, vale dar uma lida na nossa Constituição Federal em seu artigo 30, inciso V que dispõe sobre a competência dos municípios no tocante ao transporte coletivo, que segundo a Lei Magna brasileira, é de caráter essencial, ou seja, é obrigação sim, do município, disponibilizar transporte coletivo público a todos, estudantes ou não. O que é discutível é se este transporte será pago ou gratuito.
Mas a questão é outra, passa por um tema totalmente desconhecido por estes políticos oportunistas. Se, como mencionado da segunda afirmação, eu tenho uma demanda de aproximadamente 1.000 estudantes universitários porque ainda não implantei uma Universidade em meu município? Porque ao invés de colocar os nossos filhos dentro de ônibus diariamente, correndo o risco de serem mortos em algum acidente rodoviário qualquer não disponibilizamos uma instituição de ensino no próprio município? Que tipo e gestão responsável é essa? Qual o planejamento estratégico de longo prazo essa cidadezinha possui?
Bom, isso é fácil responder. Na gestão passada gastou-se em apenas 6 meses, o equivalente a R$ 1,5 milhões para pagamento da empresa de transporte coletivo que presta serviço a esta cidadezinha. Hora, vamos fazer uma conta: R$ 1,5 milhões dividido por 1.000 estudantes dá um valor de R$ 1.482,00 por estudante no período de 6 meses. Se dividirmos este valor de R$ 1.482,00 por 6 (meses) teremos o valor de R$ 247,00 por mês para cada estudante. Este recurso poderia ser repassado a cada aluno em forma de bolsa de estudos em uma universidade local, ai sim, criando uma política pública inteligente.

 Mas não se enganem, este número de alunos é fogo de palha, em 6 meses já teremos a metade, pois muitos iniciam os estudos, mas o desgaste de viagens diárias, desmotiva nossos alunos e a grande maioria desiste no meio do caminho. Assim, fica claro a intenção política por trás disso tudo. Empresas de transporte são financiadoras de campanhas. Você realmente acredita que um político vai deixar de “devolver” o favor de empresários que pagaram caro para colocar uma samambaia na cadeira de prefeito?