quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

RESPEITO AO PRÓXIMO – ILUSÃO DE TOLOS?

Alguém já sentou em algum local público e ficou observando como nós, seres humanos, estamos ficando mais egoístas e individualistas a cada geração? Ainda tenho a lembrança cristalina de ver as crianças cumprimentando os mais velhos solicitando a benção. Lembram disso? Eu mesmo, sempre que ia visitar meus avós ou meus padrinhos cumpria o mesmo ritual. Quando me recordo de pedir a benção a todos os familiares mais velhos não estou aqui querendo criar um clima de religiosidade a favor de “A” ou “B”, mas apenas constatando que éramos ensinados desde o nascimento, seja dentro da família, na escola ou na igreja a cumprimentar e pedir a proteção dos mais velhos. 

O nome disso era “RESPEITO”. Já atualmente não temos mais o hábito de nem mesmo desejar um bom dia de forma sincera. Cumprimentamos as pessoas de forma automática e nem damos mais atenção aos “velhos”, mas não é isso que me causa mais indignação, mas sim a falta de respeito ao próximo no trânsito, no transporte coletivo, nas filas de banco ou nos corredores dos hospitais. Até mesmo em lojas e restaurantes somos “atendidos” com tanto desprezo e arrogância que até parece que quando entramos em um supermercado estamos incomodando os proprietários, seja pela péssima qualidade do atendimento em todos estes locais, seja pelo abuso adotado nos preços do que estamos comprando. 

Comprar uma refeição em uma lanchonete pode ser uma experiência bastante estranha para os mais antenados com essa questão de atendimento ao público (atendimento ao próximo), pois às vezes, tenho a sensação de que os proprietários ou funcionários dos estabelecimentos comerciais estão ali obrigados por uma força estranha (conhecida como dinheiro) e que nós, clientes, estamos atrapalhando o dia deste ser superior. Exatamente isso, estamos nos tornando “seres superiores” onde nos colocamos num degrau acima do próximo e olhamos ao nosso redor e nos comparamos com os outros, como se a regra fosse haver qualidade somente naqueles que são semelhantes a nós e nos esquecemos que a maior beleza do ser humano está exatamente na diferença. Se hoje as pessoas não se comportam da forma que entendemos ser a ideal, imediatamente “eliminamos” este ser e passamos a menosprezá-lo ou a atacá-lo, vide os casos de homofobia que cresce vertiginosamente em todo o mundo. 

Mas retornemos ao foco dessa discussão. Recentemente o IBGE divulgou um número assustador de 33 milhões de brasileiros adultos e analfabetos funcionais, o que representa aproximadamente 17% da população brasileira. Aí vem a pergunta: Se um cidadão lê algo e não consegue entender o que aquela mensagem quer transmitir, como ele irá entender questões subjetivas e abstratas como “respeito”, “tolerância” e “igualdade”? E sabem o que é mais grave? Já existem pesquisas que demonstram que aproximadamente 38% dos universitários são analfabetos funcionais, ou seja, o “doutor” que te atende no posto de saúde pode não saber o que realmente está fazendo e isso pode ser ainda pior: Ele pode ser o seu Prefeito, o seu Deputado preferido ou até mesmo o seu Presidente. E será que eles, sendo analfabetos funcionais, sabem e entendem o significado de “respeito ao próximo”? Vejamos: Transporte coletivo superlotado, estradas mal conservadas, hospitais sucateados e médicos despreparados, escolas abandonadas que só servem como ponto de distribuição de drogas aos jovens e que não ensinam absolutamente nada. É todo respeito ao próximo, não é? 

Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/Noticias/?Noticia=444534 , acessado em 06/02/2014 às 11:52h.