sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

A LIÇÃO DA PETROBRÁS

Assistir aos noticiários ultimamente têm sido um exercício penoso e cansativo para a minoria da população brasileira. As notícias de corrupção são mais comuns do que choro em novela mexicana ou traição na novela das nove. Digo minoria porque a grande massa já vê na corrupção e no desvio de recursos públicos, algo banal e até correto em muitos casos. Não são raros os casos de pessoas que dizem: “Se fosse prefeito faria a mesma coisa, roubaria para garantir o meu futuro”. 

Vislumbramos o desenrolar dos acontecimentos na Petrobrás com a mesma passividade que assistimos as notícias sobre morte, terrorismo ou outra calamidade qualquer. Tudo ficou natural. Tenho a impressão de que a grande maioria da população concorda com atitudes como estas. Não é mais possível acreditar em nenhum gestor público, o que torna os atos praticados pelos administradores da Petrobrás tão irrelevantes para a grande parte da população é exatamente a familiaridade com que isso é tratado dentro de nossos lares atualmente. 

Nunca, na história deste país, tanta gente se beneficiou de dinheiro público para garantir o leitinho das crianças. Nada que estamos assistindo no caso da Petrobrás é novidade para ninguém, pois diariamente, uma grande quantidade de brasileiros assiste fatos semelhantes em prefeituras e órgãos públicos Brasil afora. São casos diários de prefeitos e vereadores desviando recursos da saúde e da educação, deixando brasileiros menos esclarecidos em filas de hospitais ou crianças sem merenda escolar digna, sem professores qualificados, transformando roubo em rotina.
Hoje é otário o cidadão que deseja um trabalho digno, com carteira assinada. Os verdadeiros modelos de competência e sucesso são os malandros, os espertos que desviam tudo e roubam o futuro de um povo passivo e acomodado. É essa a lição da Petrobrás. Devemos ensinar aos nossos filhos que o certo é roubar o dinheiro público. Atribuida a Rui Barbosa, existe uma frase bem conhecida que retrata o meu atual sentimento sobre o que venho presenciando. A frase é: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” 

Como explicar a um filho que o certo é estudar, se preparar, ser um profissional e um homem com valores focados na honra e na honestidade se, diariamente, os noticiários ensinam que é mais eficiente e prático, ser possuidor de um cargo comissionado, cuja indicação, veio de um “amigo político”? Como explicar que para ser um funcionário público mediano, com salário mediano e vida mediana, devemos ter graduação superior, mestrado, domínio de dois ou mais idiomas e estudar infinitas horas para ser aprovado em um concurso público, enquanto que o diretor do nosso departamento provavelmente nunca precisará prestar um concurso público, bastando a ele ser “amiguinho” de um político, que terá altos cargos e salários, sem esforço algum? 

Viva o Brasil de Rui Barbosa e da Petrobrás!!!