quinta-feira, 22 de maio de 2014

SOMOS MESMO EVOLUÍDOS ?

Para os não entendidos em Latim, a frase “Panem et Circenses” quer dizer “Pão e Circo”, uma frase extraída da Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (100 d.C.), que criticava a falta de informação do povo do Império Romano. A falta de informação e interesse pelos assuntos políticos não é privilégio dos brasileiros do século XXI. Este desinteresse ocorre há mais de 2.014 anos e continua forte e cada vez mais consistente.
A maior parte da população continua no mesmo grau evolutivo que possuía quando um rapaz chamado Jesus Cristo ainda caminhava sobre esta terra. Hoje ainda é mais atrativo o alimento e o divertimento. Pessoas humildes e de poucas condições financeiras se amontoam em favelas de grandes metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, em habitações precárias, em espaços reduzidos, sem saneamento básico e sofrendo com subempregos que pagam apenas um salário mínimo mensalmente.














Nestas condições, nascem as revoltas sociais que estamos assistindo diariamente e o planejamento estratégico das políticas públicas atuais encontrado para acalmar essa quantidade cada vez maior de pessoas de baixa evolução intelectual é distribuir comida (Bolsa Família) e promover eventos para distrair o povo, fazendo com que todos esqueçam dos problemas mais sérios da sociedade, como a falta de serviços básicos de saúde, educação, transporte, saneamento básico e habitação.
Era exatamente assim que os Imperadores romanos faziam, distribuindo cereais mensalmente no Pórtico de Minucius e construindo “Arenas” (esse termo lhe é comum? Eu me lembrei de Estádios de Futebol) onde realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores (MMA e UFC), animais ferozes (Festa de Rodeio), corridas de bigas (Fórmula 1), palhaços (Futebol), acrobacias (Cirque du Soleil) e bandas (Rock in Rio). Estes “presentes” ao povo romano garantia a paz e o contentamento, gerando uma popularidade absoluta ao Imperador (vide a fama de alguns de nossos políticos) perante os mais humildes e menos esclarecidos.
Hoje ligo a televisão ou leio um jornal e tenho uma gostosa sensação de que a qualquer momento vou me encontrar pessoalmente com Marco Antônio ou Nero e me divertir um bocado ateando fogo em alguma cidadezinha. Mudamos as vestimentas, as formas de construir casas e as maneiras de deslocamento entre as cidades, tendo mais facilidade para chegar em pontos distantes do Império, sem a necessidade de utilizar cavalos, mas EVOLUÇÃO?
Me desculpem alertá-los que “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais” (Belchior).

Pense nisso!!!

terça-feira, 6 de maio de 2014

TRANSPORTE DE ESTUDANTES - O CÚMULO DA INCOMPETÊNCIA OU UMA FORMA SOFISTICADA DE DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO?

Recentemente em visita a minha terra natal, uma cidadezinha esquecida e abandonada na divisa de Minas Gerais e São Paulo, pude constatar que nada muda há mais de 100 anos. Me deparei com um daqueles jornalecos distribuídos gratuitamente por pessoas ligadas a administração municipal, caso aliás, bem recorrente no meio político brasileiro, onde pessoas de má índole utilizam os meios de comunicação, principalmente jornais e rádios locais, para literalmente enganar a opinião pública sobre as reais intenções.
Lógico que o jornaleco só veiculava notícias maravilhosas, como ações inovadoras na área de esporte, saúde, educação e uma matéria “jornalítica” (a controvérsia sobre esse tema) que anunciava aos quatro cantos que a prefeitura municipal estava oferecendo de forma “gratuita” um “favor” aos estudantes universitários. Dizia a matéria “Com recursos próprios do município, atual administração proporciona transporte a milhares de estudantes universitários. Ao contrário do que a maioria pensa, o prefeito não tem obrigação legal para dar, de graça, o transporte dos estudantes. Mas o faz por uma questão moral. Transporte municipal teve alterações para facilitar a vida dos estudantes.”
Vejam como é discreta a forma de manipular a opinião de pessoas desinformadas. De forma clara, o jornaleco dá a entender que o “prefeito samambaia” é um ser “iluminado” que proporciona “favores” eternos aos jovens estudantes de seu querido município. Ainda na mesma matéria “jornalística” li outro absurdo tão grande que ficou impossível deixar passar batido. O texto dizia “No geral, a Prefeitura Municipal de […], cede ônibus para um total de 1.012 alunos em 2014. Em 2013 eram transportados 813 alunos, dessa forma, houve um aumento de 25% de alunos em relação ao ano anterior.”
Vamos analisar estas duas afirmações que me acionou o meu alarme contra desvios de recursos públicos na grande maioria das cidadezinhas Brasil afora. A primeira diz que o poder público não têm “obrigação” de disponibilizar transporte público a estudantes e a segunda que o número expressivo de alunos atendido é um “favor” do “prefeito samambaia”. A quem desconhece a legislação, vale dar uma lida na nossa Constituição Federal em seu artigo 30, inciso V que dispõe sobre a competência dos municípios no tocante ao transporte coletivo, que segundo a Lei Magna brasileira, é de caráter essencial, ou seja, é obrigação sim, do município, disponibilizar transporte coletivo público a todos, estudantes ou não. O que é discutível é se este transporte será pago ou gratuito.
Mas a questão é outra, passa por um tema totalmente desconhecido por estes políticos oportunistas. Se, como mencionado da segunda afirmação, eu tenho uma demanda de aproximadamente 1.000 estudantes universitários porque ainda não implantei uma Universidade em meu município? Porque ao invés de colocar os nossos filhos dentro de ônibus diariamente, correndo o risco de serem mortos em algum acidente rodoviário qualquer não disponibilizamos uma instituição de ensino no próprio município? Que tipo e gestão responsável é essa? Qual o planejamento estratégico de longo prazo essa cidadezinha possui?
Bom, isso é fácil responder. Na gestão passada gastou-se em apenas 6 meses, o equivalente a R$ 1,5 milhões para pagamento da empresa de transporte coletivo que presta serviço a esta cidadezinha. Hora, vamos fazer uma conta: R$ 1,5 milhões dividido por 1.000 estudantes dá um valor de R$ 1.482,00 por estudante no período de 6 meses. Se dividirmos este valor de R$ 1.482,00 por 6 (meses) teremos o valor de R$ 247,00 por mês para cada estudante. Este recurso poderia ser repassado a cada aluno em forma de bolsa de estudos em uma universidade local, ai sim, criando uma política pública inteligente.

 Mas não se enganem, este número de alunos é fogo de palha, em 6 meses já teremos a metade, pois muitos iniciam os estudos, mas o desgaste de viagens diárias, desmotiva nossos alunos e a grande maioria desiste no meio do caminho. Assim, fica claro a intenção política por trás disso tudo. Empresas de transporte são financiadoras de campanhas. Você realmente acredita que um político vai deixar de “devolver” o favor de empresários que pagaram caro para colocar uma samambaia na cadeira de prefeito?