quinta-feira, 30 de julho de 2015

O LEGADO DO BRASIL CHEIRA MAL


A palavra da moda é “legado”, que segundo o dicionário Michaelis é a “disposição, a título gracioso, por via da qual uma pessoa confia à outra, em testamento, um determinado benefício, de natureza patrimonial; doação “causa-mortis””, ou ainda “língua, costumes e tradições que passam de uma a outra geração”.

Logo poderíamos entender “legado” como algo ou alguma coisa que nos é deixado por algo ou alguém quando de seu término ou partida, como por exemplo, em um relacionamento entre duas pessoas, que mesmo às vezes não desejando, após o rompimento, deixamos algo e também levamos conosco novos costumes ou em alguns casos os bens (brincadeirinha).

Esta palavra tem sido proclamada em prosa e verso há pelo menos 5 anos em todos os cantos do Brasil em virtude, claro, dos recentes eventos esportivos da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. O governo federal, em uma jogada de marketing avassaladora, como tem sido na grande maioria das cidades também, nos bombardeou de notícias sobre o “grande legado” que tais eventos estariam proporcionando ao povo brasileiro, e como bom observador da gestão pública brasileira que sou eu me aprofundei um pouco mais no assunto “legado” e mais uma vez vai me faltar Rivotril ou Diazepam, pois é escandaloso o que estamos assistindo no Brasil.

O marketing político está sendo utilizado por nossos egrégios representantes como arma de manipulação de massa e não como ferramenta informativa. São gastos bilhões de reais por ano com publicidade e propaganda por parte de prefeitos, governadores e poder federal, visando ludibriar a população com mentiras absurdas.

O mais assustador é voltar agora, por exemplo, aos estudos divulgados pela Ernst & Young e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e constatar que projetavam a injeção de mais de R$ 140 bilhões na economia brasileira e uma geração de mais de 3 milhões de empregos para a preparação da Copa de 2014, além de garantir a melhoria dos instrumentos públicos (melhor transporte público e melhor mobilidade urbana entre outros) nas cidades sede, mas o que ficou constatado foi uma total falta de capacidade de planejamento e de gestão dos projetos (principalmente na fase de execução), que em sua maioria ainda continuam com as obras totalmente paralisadas.

São visíveis os atrasos nas obras em Cuiabá, que de 82 obras previstas inicialmente e revistas posteriormente para 44, só foram entregues 24 obras no prazo e as outras 20 obras restantes ainda não ficaram prontas, mesmo a Copa já tendo sido finalizada há mais de um ano. Outro escândalo foi o desabamento do viaduto de Guararapes em Belo Horizonte, que se desmanchou matando várias pessoas, ou Fortaleza que possuía 6 obras previstas e não entregou nenhuma até este momento, ou ainda Curitiba que possuía 10 obras previstas e só entregou 2. Em Recife não é diferente, de 7 obras previstas apenas 3 foram entregues, deixando a população da pequena São Lourenço da Mata (que conheço bem) sonhando em ter a tão esperada e divulgada Cidade da Copa.
  


Agora estamos às vésperas das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro e o tal “legado” está mais forte do que nunca e novamente na boca do povão e mais uma vez estamos próximos do mesmo resultado de 2014, ou seja, mais um vexame divulgado para o mundo todo e que desta vez estar cheirando muito mal.

Especialistas sopram as trombetas anunciando “legados” de mais de R$ 37 bilhões na capital da Petrobrás, mas algo não cheira bem na Corte de Dona Maria I. A capital do reino está demonstrando a todo o mundo a sua incapacidade em despoluir a Baía de Guanabara que já afundou R$ 10 bilhões e ainda querem os especialistas afogar mais R$ 20 bilhões alegando que são necessários mais 15 anos de trabalho, que sabemos muito bem, pela experiência do rio Pinheiros em São Paulo, não serem suficientes em face dos excelentes gestores públicos que possuímos no Brasil.

Apanhar de 7 a 1 da Alemanha já deveria ter sido o suficiente para revermos nossos conceitos de eficiência, eficácia e efetividade em diversos setores da sociedade tupiniquim, mas ainda continuamos deitados em berço esplêndido à espera de melhoria, mas a notícia que trago é um pouco desconfortável. O Legado conjunto, Copa do Mundo – Olimpíadas, que estamos deixando, conforme Michaelis, a título gracioso, para as próximas gerações é a tradição de excelentes planejadores e péssimos executores.

Pense nisso !!!



quinta-feira, 23 de julho de 2015

VOCÊ ESTÁ CORRENDO NA DIREÇÃO CERTA?

Hoje acordei mais feliz do que o normal, talvez por estar mais certo de minhas decisões futuras e podendo enxergar com mais clareza as coisas que realmente valem a pena em nossas finitas vidas. Pesquisei em minhas estantes e acabei encontrando exatamente a música que eu gostaria de ouvir neste momento – Tocando em Frente – de Almir Sater, que começa já dizendo o mais importante para mim que é “Ando devagar porque já tive pressa...” e foi ai que me atentei para a atitude mais comum que podemos identificar atualmente na imensa maioria dos seres humanos – a PRESSA.

Você já reparou como atualmente todos estão sempre com pressa? Já notou como todos nós estamos sempre tentando demonstrar aos mais próximos o quanto somos atarefados e cheios de compromisso? Acredito que a maior conquista de minha vida tenha sido exatamente essa oportunidade que me foi dada de parar por alguns minutos em algum local bem movimentado e conseguir ver claramente o desespero generalizado. Lembrei-me imediatamente de um livro que li há muito tempo intitulado “A Economia do Ócio – do sociólogo italiano Domenico De Masi”, que agora recomendo fortemente a todos.

Vejo pessoas correndo de um lado para outro, sempre atrasadas e com os olhos em alerta em busca de um objetivo ou compromisso que muitas vezes nem elas mesmas sabem exatamente o que é. Minhas melhores cobaias para estas observações são as pessoas próximas de mim ou aquelas pessoas que me atendem em algum banco, em uma padaria, em uma loja de roupas, etc.

Estão tão obcecadas com suas rotinas sem se darem conta disso. Recentemente necessitei de um atendimento mais específico em um órgão público do governo federal localizado na cidade de Ituverava e após um agendamento prévio me dirigi ao local indicado no dia e hora marcados para tentar resolver um problema de cadastro extremamente simples que levaria no máximo 10 minutos se a atendente se prestasse ao trabalho de olhar nos meus olhos e me ouvir atentamente.

Porém, para minha constatação de que estamos realmente correndo sem saber ao certo para onde, me deparei com mais uma clara demonstração da loucura sem motivo de nossos tempos. O meu atendimento havia sido agendado para as 12h20min e eu lá estava no horário marcado, sem ter a necessidade de sair correndo para chegar no horário, é claro!

Assim que entrei no estabelecimento retirei minha senha e me sentei a espera do meu momento. Lógico que não havia pessoas suficientes para atender a todos que estava ali como eu, a espera da resolução de um simples e pequeno problema. Após 1 hora, vendo os poucos funcionários deste órgão federal andar de um lado para o outro, tomando café, fazendo reuniões e trocando palavras com seus colegas, fui chamado para uma das baias de atendimento.

Nem mesmo havia me sentado na cadeira quando já cumprimentei a atendente com um “boa tarde” e de resposta ela me perguntou o que eu desejava e assim que comecei a falar ela me interrompeu com uma pergunta que não levaria a obtenção de nenhuma informação relevante para a resolução do meu problema.



Em seguida, me solicitou todos os documentos que estavam na minha mão e com uma rapidez que me causou uma imensa inveja, decidiu que não era possível a solução. Eu, pacientemente, voltei a minha tentativa em explicar o meu problema e desta vez a atendente me interrompeu novamente e me disse que talvez tivesse uma alternativa para resolver o meu problema. Levantou-se, foi até um colega de trabalho, que acredito ser um superior hierárquico, e explicou parcialmente meu problema, pois a pressa dela ainda não havia lhe dado à oportunidade para compreender o meu caso em sua plenitude.

Voltou de posse de dois formulários e me pediu que fizesse o preenchimento em um espaço ao lado enquanto ela “atendia” outra pessoa segundo ela, para “aproveitar o tempo”. Calmamente me levantei de onde estava e fui até o local indicado onde, após uma leitura breve dos formulários, os preenchi por completo. Por sorte tenho alguma facilidade em ler e escrever, mas e se fosse uma pessoa menos acostumada com formulários e burocracias?

Mas tudo bem, continuemos. Após terminar voltei à atendente e entreguei os formulários e os documentos na exata ordem que me foi solicitado. A atendente recolheu os documentos e me pedindo desculpas, anotou o seu nome em um pedaço de papel rasgado e me entregou dizendo que no momento não poderia resolver meu caso, mas que assim que tivesse acesso ao “sistema” faria as alterações por mim solicitadas e que sem demora entraria em contato me informando da resolução de meu problema.

Este atendimento ocorreu há um mês e até agora nenhum sinal de fumaça ou de vida da atendente ou da solução do pequeno problema. Espero que a atendente esteja bem e com saúde, pois com tamanha pressa ele pode facilmente ter sofrido um AVC e eu nunca saberei. Apeguei-me a ela, vendo seu sofrimento em não conseguir controlar seu tempo e rotina.

Não vou ter a indelicadeza de citar qual é este órgão federal e muito menos o nome da atendente. Só fiz este pequeno relato para demonstrar o modo como estamos vivendo, com pressa e sem qualidade de vida. Por quê? Onde iremos chegar com esta maneira de viver? Certamente esta atendente deve estar atolada em papéis que ela nem imagina de quem seja, mas volta para sua casa todos os dias extremamente cansada e irritada com a sensação de que trabalho muito, e provavelmente trabalhou mesmo, mas não gerou nada de bom, nenhum resultado. Imaginem o tamanho deste sofrimento.

Imagine agora se eu também estivesse nesse redemoinho de insensatez e voltasse a este órgão federal nervoso e pronto para a briga? Pronto, estava instalada mais uma daquelas cenas degradantes de dois seres humanos brigando sem razão e por um problema que poderíamos resolver em minutos. Quem disse que para atender bem devemos correr e atropelar a todos? Quem disse que devemos ser rápidos e não resolver as tarefas diárias a contento de nossos clientes? Vejo com pena e certa tristeza no que estamos nos transformando. Pessoas sem a mínima capacidade de ouvir o próximo e correndo em direção de sei lá o que.

E você, corre o dia todo para chegar aonde mesmo?

Pense nisso.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

SANTA FÉ DO SUL (7) X (1) IGARAPAVA


Por trás do vexame futebolístico que o Brasil sofreu há exatamente um ano atrás existe uma lição de grande valia que todos os prefeitos brasileiros deveriam absorver, mas o que tenho visto pelo Brasil afora é exatamente o contrário. Da mesma forma que a CBF esconde do grande público que o problema está na corrupção e na falta de gestão competente de um patrimônio nacional, nossos prefeitos cometem o mesmo erro na intenção clara que se manterem a frente das prefeituras, mesmo sendo despreparados e mal intencionados.

Há menos de quatro meses fui convidado a assessorar a elaboração de alguns projetos culturais e esportivos para uma “cidadezinha” do interior paulista, na divisa do Estado de São Paulo com Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Uma “cidadezinha” com apenas 35 mil habitantes, totalmente cercada por água e cidades de renome como Fernandópolis, Jales e Votuporanga, fato este que bastaria para uma bela e sonora desculpa para qualquer prefeito ou político acomodado, pois poderia apenas se limitar a dizer que seria impossível desenvolver uma pequena cidade estando cercado de grandes cidades com mais influência política e econômica, mas algo de estranho aconteceu ali há 67 anos.

Em um surto de loucura, políticos e moradores desavisados da impossibilidade de desenvolvimento, se uniram em torno de um ideal e sem dar a mínima importância para o comodismo e a falta de vontade inerente a qualquer político vivente em pequenas cidades, os “santa-fé-sulenses” decidiram que seriam grandes e que construiriam um lar para se orgulhar e posso afirmar a todos vocês que meus olhos são testemunhas de tal proeza. Estou completamente apaixonado pela terra de Santa Fé do Sul.

Em um passe de mágica, diriam os desavisados de plantão, uma “cidadezinha” se transformou em uma Estância Turística, repleta de belezas naturais e em um piscar de olhos, do nada, surgiu quatro museus, duas salas de cinema, duas salas de teatro, 18 hotéis, uma universidade com mais de 20 cursos, entre eles, odontologia, direito, engenharia civil, administração e outros. Ainda sem explicação aparente, também surgiram ruas e avenidas planejadas, uma forte atividade econômica diversificada com indústrias pesqueiras, frigoríficos e um comércio forte, com lojas muito bem decoradas e que recebem visitas de compradores de toda a região.

Essa mágica ainda é mais assustadora em relação a saúde, pois do nada, apareceram postos de saúde moderníssimos, uma AME, uma UPA e um hospital com médicos 24 horas do dia, algo que só pode ser explicado se mágica realmente existisse, não é mesmo? Mas, infelizmente para os políticos “igarapavenses” eu tenho uma notícia nada animadora e um tanto triste: Não foi mágica, foi trabalho, dedicação, competência e amor pela terra onde nasceram características e palavras que não existem no dicionário do político de Igarapava, pelo menos no dicionário dos políticos dos últimos 40 anos.

Vou aqui retirar da minha gigantesca lista de políticos incompetentes e mal intencionados, o saudoso Dr. Alberto Faria, que também em um passe de mágica ou bruxaria, construiu o Ginásio de Esportes, a Escola Industrial (que os outros políticos fizeram de tudo para destruir), o Tiro de Guerra e muitas outras melhorias que ainda nos restam.

Igarapava possui 1/3 (um terço) de suas fronteiras banhadas pelas águas do Rio Grande, o mesmo rio que banha a cidade de Santa Fé do Sul, que também recebe águas do Rio Paraná, e que como Igarapava, possui um grande lago formado por hidrelétricas, que no caso de Santa Fé são três na região. Porém as coincidências param por aí, pois não poderia haver cidades tão diferentes. Seria o clima ou a mágica?

Falo em mágica porque, a meu ver, esta seria a única explicação justificável para tamanha goleada. Como explicar uma cidade com 173 anos de existência, cercada por grandes rodovias e por um dos rios mais importantes do Brasil, ser tão atrasada, feia e suja?



Convido a todos os igarapavenses a visitar Santa Fé do Sul e admirar suas ruas sem buracos, suas praças sempre limpas e sem barraquinhas de camelôs, mas com muitos monumentos e flores, seus hotéis e restaurantes que não devem nada aos grandes centros urbanos e estão preparados para receber turistas de qualquer lugar do mundo. Um povo feliz e orgulhoso de apresentar a sua cidade aos visitantes. Favelas e casas caindo aos pedaços? Desculpe lá você não encontrará o Estradão ou o Campo de Aviação!

Mas já adianto aos desavisados de plantão: Se algum político incompetente, corrupto e preguiçoso sugerir que eu deva me mudar para Santa Fé do Sul porque a cidade é um paraíso e que Igarapava não serve para mim, se prepare para uma resposta decepcionante e simples. Qual a minha resposta? “Eu nasci em Igarapava e amo a minha terra e o correto seria expulsar políticos oportunistas deste solo sagrado e não fugir e deixar meia dúzia de malandros se perpetuarem”.

Não existe mais espaço para desonestidade e falta de competência na gestão pública de Igarapava. Não há mais como esconder o despreparo e a falta de interesse do prefeito samambaia e seus amiguinhos da câmara. Convido o povo de Igarapava a acordar deste sono de 40 anos e resgatar o direito de serem donos da terra onde nasceram!

Santa Fé do Sul possui 67 anos de existência e conseguiu grandes conquistas para a população enquanto que Igarapava possui 173 anos de abandono e sofrimento. Notamos nos olhos dos mais humildes que não há mais esperança, esperança esta roubada por uma ou duas famílias de políticos eternos. Não cabem mais desculpas e discursos vazios. Convido os Igarapavenses a algumas reflexões:

1 – Se temos acesso ao Rio Grande, porque não existe aqui uma indústria pesqueira forte?
2 – Se temos acesso ao Rio Grande, porque a cidade não se desenvolve naquela direção?
3 – Se temos acesso ao Rio Grande, porque o turismo não existe em nossa cidade?
4 – Se temos acesso ao Rio Grande, porque ainda não somos uma Estância Turística?
5 – Se estamos cercados de grandes cidades como Uberaba, Franca e Ribeirão Preto, ainda não instalamos uma faculdade para atrair mentes brilhantes e mais evoluídas?
6 – Porque Igarapava ainda não assumiu seu lugar como polo de serviços e comércio e continuamos a deixar o dinheiro local passear pelos shoppings centers de Uberaba e Franca?
7 – Porque ainda insistimos em manter os mesmos vasos decorativos na prefeitura e na câmara de vereadores? Vereadores estes que possuem grandes empresas fora de Igarapava, gerando emprego e renda em outras cidades.
8 – Porque ainda não contratamos o mesmo mágico que passou por Santa Fé do Sul há 67 anos?
9 – Porque insistimos em manter nossos políticos gordinhos e bem alimentados enquanto a população passa fome? Fome de cultura, de saúde, de educação, de lazer, de empregos?
10 – Porque continuamos recebendo esmolas e votando em quem é mais incompetente do que nós?
11 – E por último e não menos importante, porque Igarapava não pode melhorar? Quem foi que decretou que a cidade deve ficar morta para sempre?

Convido você e toda a sua família a responder estas perguntas e se alguma delas fizer algum sentido para despertar a sua curiosidade pela magia e o ocultismo que cerca o milagre de Santa Fé do Sul frente ao desastre de Igarapava, eu já me dou por satisfeito.

Se alguém descobrir que milagre é este me conte, por favor!!!
Pense nisso!!!