quinta-feira, 23 de julho de 2015

VOCÊ ESTÁ CORRENDO NA DIREÇÃO CERTA?

Hoje acordei mais feliz do que o normal, talvez por estar mais certo de minhas decisões futuras e podendo enxergar com mais clareza as coisas que realmente valem a pena em nossas finitas vidas. Pesquisei em minhas estantes e acabei encontrando exatamente a música que eu gostaria de ouvir neste momento – Tocando em Frente – de Almir Sater, que começa já dizendo o mais importante para mim que é “Ando devagar porque já tive pressa...” e foi ai que me atentei para a atitude mais comum que podemos identificar atualmente na imensa maioria dos seres humanos – a PRESSA.

Você já reparou como atualmente todos estão sempre com pressa? Já notou como todos nós estamos sempre tentando demonstrar aos mais próximos o quanto somos atarefados e cheios de compromisso? Acredito que a maior conquista de minha vida tenha sido exatamente essa oportunidade que me foi dada de parar por alguns minutos em algum local bem movimentado e conseguir ver claramente o desespero generalizado. Lembrei-me imediatamente de um livro que li há muito tempo intitulado “A Economia do Ócio – do sociólogo italiano Domenico De Masi”, que agora recomendo fortemente a todos.

Vejo pessoas correndo de um lado para outro, sempre atrasadas e com os olhos em alerta em busca de um objetivo ou compromisso que muitas vezes nem elas mesmas sabem exatamente o que é. Minhas melhores cobaias para estas observações são as pessoas próximas de mim ou aquelas pessoas que me atendem em algum banco, em uma padaria, em uma loja de roupas, etc.

Estão tão obcecadas com suas rotinas sem se darem conta disso. Recentemente necessitei de um atendimento mais específico em um órgão público do governo federal localizado na cidade de Ituverava e após um agendamento prévio me dirigi ao local indicado no dia e hora marcados para tentar resolver um problema de cadastro extremamente simples que levaria no máximo 10 minutos se a atendente se prestasse ao trabalho de olhar nos meus olhos e me ouvir atentamente.

Porém, para minha constatação de que estamos realmente correndo sem saber ao certo para onde, me deparei com mais uma clara demonstração da loucura sem motivo de nossos tempos. O meu atendimento havia sido agendado para as 12h20min e eu lá estava no horário marcado, sem ter a necessidade de sair correndo para chegar no horário, é claro!

Assim que entrei no estabelecimento retirei minha senha e me sentei a espera do meu momento. Lógico que não havia pessoas suficientes para atender a todos que estava ali como eu, a espera da resolução de um simples e pequeno problema. Após 1 hora, vendo os poucos funcionários deste órgão federal andar de um lado para o outro, tomando café, fazendo reuniões e trocando palavras com seus colegas, fui chamado para uma das baias de atendimento.

Nem mesmo havia me sentado na cadeira quando já cumprimentei a atendente com um “boa tarde” e de resposta ela me perguntou o que eu desejava e assim que comecei a falar ela me interrompeu com uma pergunta que não levaria a obtenção de nenhuma informação relevante para a resolução do meu problema.



Em seguida, me solicitou todos os documentos que estavam na minha mão e com uma rapidez que me causou uma imensa inveja, decidiu que não era possível a solução. Eu, pacientemente, voltei a minha tentativa em explicar o meu problema e desta vez a atendente me interrompeu novamente e me disse que talvez tivesse uma alternativa para resolver o meu problema. Levantou-se, foi até um colega de trabalho, que acredito ser um superior hierárquico, e explicou parcialmente meu problema, pois a pressa dela ainda não havia lhe dado à oportunidade para compreender o meu caso em sua plenitude.

Voltou de posse de dois formulários e me pediu que fizesse o preenchimento em um espaço ao lado enquanto ela “atendia” outra pessoa segundo ela, para “aproveitar o tempo”. Calmamente me levantei de onde estava e fui até o local indicado onde, após uma leitura breve dos formulários, os preenchi por completo. Por sorte tenho alguma facilidade em ler e escrever, mas e se fosse uma pessoa menos acostumada com formulários e burocracias?

Mas tudo bem, continuemos. Após terminar voltei à atendente e entreguei os formulários e os documentos na exata ordem que me foi solicitado. A atendente recolheu os documentos e me pedindo desculpas, anotou o seu nome em um pedaço de papel rasgado e me entregou dizendo que no momento não poderia resolver meu caso, mas que assim que tivesse acesso ao “sistema” faria as alterações por mim solicitadas e que sem demora entraria em contato me informando da resolução de meu problema.

Este atendimento ocorreu há um mês e até agora nenhum sinal de fumaça ou de vida da atendente ou da solução do pequeno problema. Espero que a atendente esteja bem e com saúde, pois com tamanha pressa ele pode facilmente ter sofrido um AVC e eu nunca saberei. Apeguei-me a ela, vendo seu sofrimento em não conseguir controlar seu tempo e rotina.

Não vou ter a indelicadeza de citar qual é este órgão federal e muito menos o nome da atendente. Só fiz este pequeno relato para demonstrar o modo como estamos vivendo, com pressa e sem qualidade de vida. Por quê? Onde iremos chegar com esta maneira de viver? Certamente esta atendente deve estar atolada em papéis que ela nem imagina de quem seja, mas volta para sua casa todos os dias extremamente cansada e irritada com a sensação de que trabalho muito, e provavelmente trabalhou mesmo, mas não gerou nada de bom, nenhum resultado. Imaginem o tamanho deste sofrimento.

Imagine agora se eu também estivesse nesse redemoinho de insensatez e voltasse a este órgão federal nervoso e pronto para a briga? Pronto, estava instalada mais uma daquelas cenas degradantes de dois seres humanos brigando sem razão e por um problema que poderíamos resolver em minutos. Quem disse que para atender bem devemos correr e atropelar a todos? Quem disse que devemos ser rápidos e não resolver as tarefas diárias a contento de nossos clientes? Vejo com pena e certa tristeza no que estamos nos transformando. Pessoas sem a mínima capacidade de ouvir o próximo e correndo em direção de sei lá o que.

E você, corre o dia todo para chegar aonde mesmo?

Pense nisso.

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