terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Santa Casa - Hospital ou Ferramenta Política?

Num passado bem distante, mais precisamente no inicio dos anos de 1900, as pequenas cidades brasileiras podiam contar com instituições de saúde de excelência, que desempenhavam um papel social essencial em todo o território nacional. Manter uma Santa Casa em uma cidade pequena era de fundamental importância em virtude da dificuldade em gerar interesse de grandes grupos econômicos para captação de recursos com o objetivo de altos lucros.

Mas com o passar dos anos, estas instituições passaram a despertar o interesse de políticos de má índole, que vislumbraram na saúde, uma forma de angariar votos nas eleições municipais. A partir dos anos de 1960 começamos a assistir um aumento exponencial no número de prefeitos médicos. Jovens de cidades pequenas começaram a buscar a formação em medicina por puro interesse político. Ser médico em cidade pequena se tornou premissa básica para ser prefeito.

Neste momento, as Santas Casas perderam o que possuiam de mais precioso: A independência. O grupo que detinha o controle da gestão da Santa Casa era o grupo eleito. Começou ali a decadência administrativa dos hospitais municipais administrados por Irmandades e Organizações Sem Fins Lucrativos. Os "médicos prefeitos" desenvolveram uma metodologia de gestão desastrosa nessas instituições ao ponto de reduzir a oferta de serviços, inchar a folha de pagamento, fraudar compras de equipamentos, desprezando a importância de uma gestão compartilhada entre poder público e setor privado.

Cidades com menos de 50 mil habitantes que não possuem serviços de pronto-socorro terceirizam este atendimento para as Santas Casas, mas não repassam recursos suficientes para os custos destes serviços. Muitas vezes esses repasses não ocorrem pelo simples fato de que o gestor da Santa Casa e o Prefeito são inimigos políticos. Os prefeitos descobriram que devido ao tipo de atendimento fornecido pelas Santas Casas, se deixassem de repassar recursos durante apenas 60 dias, criariam situações irreversíveis de gestão financeira nestas Santas Casas. Então podem ter certeza de uma coisa que vou dizer: Se na sua cidade a Santa Casa está passando por dificuldades, a culpa é de algum político corrupto !

Então não existe solução para a saúde nas pequenas cidades? Eu diria que a solução existe e está ao alcance que qualquer gestor público realmente interessado na saúde da população. Basta uma gestão eficiente e responsável dos recursos do SUS e uma política administrativa focada na obtenção de recursos suplementares, mesclando procedimentos de baixa e média complexidade com serviços de alta complexidade. Serviços de baixa complexidade (Atendimento SUS) não remuneram uma Santa Casa de forma suficiente para cobrir os custos de manutenção de um hospital. Logo a adoção de serviços de média e alta complexidade em parceria com convênios vinculados a saúde complementar poderiam resolver de forma rápida e satisfatória a falta de recursos.


Porém essa política de gestão deveria ser compartilhada e a prefeitura deveria repassar os recursos de forma constante e sem interesses político-partidários, mas aí está a grande questão ou o grande desafio de um gestor de Santa Casa: Criar um clima de ajuda mútua junto a população, sendo transparente e prestando contas mensais a população e as autoridades. E a população por sua vez, caberia a fiscalização da destinação desses recursos. Um orçamento realista, claro e transparente. Mas será que os "doutores" ou os "políticos" desejam isso realmente?

O SUS vem desenvolvendo ferramentas de controle para minimizar essas brigas políticas, mas a incapacidade de sentimentos destes atores continua levando o caos a saúde em grande parte dos municípios brasileiros e nas cidades com menos de 50 mil habitantes este cenário é ainda mais desolador, pois a população geralmente é mal informada e não aciona o Ministério Público para cobrar dos "doutores" e "políticos" uma gestão responsável e humana. Vivemos a mercê de promessas de políticos que, caso necessitem, são prontamente atendidos por planos de sáude particulares em cidades maiores e ao pobre que depende dos serviços públicos, sobra a passividade e as filas para a mendicância de um mero Buscopan para amenizar a dor.

Então digo claramente: Santa Casa é caso de policia. Não fiquem acreditando em promessas de prefeitos corruptos e médicos que estão somente preocupados com seus próprios interesses. Vamos a luta, denunciem cada mal atendimento ao Ministério Público. O caminho é não aceitar a administração de pessoas de má índole. Acorda povo !!!




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