quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Concurso Público: Como acontecem as fraudes?

O sonho de milhares de cidadãos de pequenas cidades é ser aprovado em um concurso público da prefeitura local e garantir o dinheirinho para sobreviver, mas o que a grande maioria já sabe é que concurso público para preenchimento de cargos em prefeituras não passa de uma encenação muito bem orquestrada para beneficiar os "amigos" do prefeito. Como assim encenação? Vou explicar. Fazendo uma pesquisa detalhada sobre os concursos públicos em pequenas cidades pude identificar alguns pontos que são os maiores sinais de que houve ou haverá fraude no concurso público.

O primeiro indício está na contratação da empresa organizadora do concurso, que na maioria esmagadora dos casos, são empresas de consultoria ou assessoria de pequeno porte, sem representação nacional e que raramente organizam concursos públicos para instituições de renome. São na verdade especializadas em concursos públicos para prefeituras de pequenas cidades e sempre de forma regionalizada.

O segundo ponto a ser levado em consideração é o fato de que a maioria dos editais elaborados por estas pequenas empresas de assessoria em concursos sempre possuem formas de avaliação subjetiva, tais como, experiência de 6 meses na função, entrevista psicológica eliminatória e por ai vai.

O terceiro ponto se refere a forma como são tratados os casos de gabarito e caderno de provas. Notem que em 100% dos casos as empresas organizadoras dos concursos públicos não permitem que o concursando fique de posse do caderno de questões e tão pouco com uma cópia do gabarito. Muitas destas empresas apenas permitem que os postulantes ao cargo público na prefeitura anotem as suas próprias respostas em papel avulso e sem logotipo da empresa ou qualquer outra forma de comprovação. Este sempre é o ponto que a maioria dos concursandos acredita ser o de maior problema mas na verdade não é.

Agora o golpe: Após o término das provas, essas empresas recolhem os gabaritos e procuram o funcionário da prefeitura responsável pela organização dos concursos e lá substituem os gabaritos dos "protegidos" por gabaritos com alto índice de acerto, finalizando o processo da fraude.

Notem que esses concursos públicos em cidades pequenas demoram mais que o normal para divulgarem os resultados e essa prática faz parte do processo fraudulento, pois demorando, criasse uma expectativa de que está sendo realizado uma correção detalhada das provas, dando um ar de profissionalização ao processo e quando se divulgam os resultados, o "protegido" do prefeito nunca passa em primeiro lugar, a não ser que o cargo seja para apenas uma vaga, mas na maioria dos casos, estes "protegidos" passam em segundo ou terceiro lugares, só para dar mais credibilidade ao certame, pois todos concluem que se houve alguém que foi melhor classificado do que o "amigo" do prefeito, então o concurso foi mesmo honesto.

Se realizarmos uma pesquisa rápida em qualquer pequena cidade brasileira, vamos encontrar parentes de prefeitos e vereadores que atuam como funcionários públicos concursados. Este fato não é coincidência, é fraude, não tenham dúvida disso nunca. Tenho exemplos em todas as cidades da região para solidificar a minha informação. Na cidade de Igarapava mesmo, atualmente sabemos de profissionais na área da saúde que mesmo sendo vereadores, exercem a cargos públicos na prefeitura, casos como os de dentistas que nunca atenderam um único cidadão. Estes "profissionais" do poder público apenas aparecem no inicio e no final do expediente para registrar a sua "presença" e garantir o salário. O prefeito sabe e não faz nada !

Mas você me perguntaria: E não existe então nenhuma forma de evitar que as prefeituras de pequenas cidades fraudem os concursos? Eu diria que sempre existe uma forma para moralizar a gestão pública, o problema está em sabermos identificar qual prefeito tem esse interesse e qual prefere continuar praticando um governo de corrupção para ajudar os seus colaboradores. Posso afirmar com toda certeza, que atualmente nos mais de 6 mil municípios brasileiros, a prática da fraude é a opção mais aceita. Cabe a nós cidadãos exigirmos do poder judiciário uma maior atuação. As denúncias devem ser feitas antes e depois dos concursos, para criar na população uma visão de que é possível moralizar esses processos.

A solução perfeita nunca existirá, mas podemos adotar práticas para dificultar as fraudes, como por exemplo, exigir que todos os envelopes contendo os gabaritos sejam lacrados com númeração específica e na presença de todos os concursandos e de alguma autoridade do poder judiciário, de preferência de outra localidade, para evitar favores que sabemos existir entre judiciário e executivo ou legislativo e que a abertura e apuração dos resultados seja feita em local público, onde toda a população possa assistir em tempo real a correção das provas. Assim todos que tiverem interesse real estarão presentes e irão acompanhar.

Esta simples prática poderia moralizar os concursos públicos no Brasil, mas eu particularmente não acredito que algum prefeito tenham essa iniciativa, pois isso iria contrariar muitos "amigos" e provavelmente ele nunca mais seria eleito. Uma pena como a mentalidade medíocre de nossos gestores públicos atrapalha o desenvolvimento de pessoas e cidades.

Se precisarem fraudar algum concurso público de uma prefeiturinha, chamem outro por favor ! Ainda acredito que trabalhar honestamente é mais fácil que roubar! Mas não se enganem, isso assusta os políticos de plantão. O comentário mais comum que podemos ouvir é: Você é um idiota, todo mundo rouba!

E viva a República dos Bananas !!!

* Banana = Povo que não denuncia irregularidade ou povo que não rouba dinheiro público? E agora, estou na dúvida!

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