segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Prefeito Medíocre - Cidade Medieval

Uma das premissas básica para um bom gestor público é conhecer a história. Eleger um prefeito ou vereador que desconhece a história do município, do Brasil e da humanidade já é um elemento de alerta. Quem desconhece a história está fadado a repetir todos os erros do passado, forçando a cidade a andar em círculos, que na minha humilde opinião já acontece com a maioria das cidades brasileiras com menos de 50 mil habitantes e mais de 100 anos de fundação.

Tenho tido tempo para me dedicar a análise detalhada do passado e do presente de inúmeras cidades com menos de 50 mil habitantes e as primeiras conclusões são assustadoras. Todas, repito, todas as cidades com menos de 50 mil habitantes e com mais de 100 anos de fundação estão paralisadas no tempo, e não no nosso tempo, ou seja, em 2013, século XXI, mas sim paralisadas no passado, mais precisamente na Idade Média, que para os conhecedores do assunto, teve seu início por volta do ano de 476 d.c., com a queda do último imperador romano, Rômulo Augusto, e se estendeu até meados de 1.517 com a Reforma Protestante, promovida por Martinho Lutero. Mas em outra ocasião explano mais sobre a origem da Igreja Luterana, que me fascina muito.

Sempre observando a forma como se deu a vitória dos prefeitos e vereadores nas últimas eleições, ocorridas em outubro de 2012, pude constatar que em praticamente a totalidade das cidades com menos de 50 mil habitantes e com mais de 100 anos de existência, as vitórias só aconteceram devido a alianças políticas entre eternos adversários. A cada ano que passa, a dificuldade em esconder da grande massa de desavisados, as diversas irregularidades e crimes cometidos pelos eternos políticos, a fôrmula encontrada nas últimas eleições foi dividir para conquistar. Muitos candidatos eleitos, só conseguiram êxito porque dividiram a base política dos adversários prometendo cargos importantes para eternos inimigos de urna. Políticos que nunca tinham se aliado na história, acabaram do mesmo lado.

Estas alianças estão, neste momento, ocasionando as nomeações dos cargos de "confiança" de pessoas despreparadas ou até mesmo de pessoas que nunca trabalharam na vida. Nomear para um cargo como Secretário de Indústria e Comércio, um menino recém formado só para agradar o pai, que possui uma empresa em dificuldades financeiras é um exemplo disso. Nomeações para cumprir promessas eleitoreiras é o maior crime que um gestor público comete com a cidade que governa. E isso é cotidianamente constatado em todo o território nacional. É por este motivo que faço um paralelo entre a figura de um prefeito medíocre e uma cidade presa no passado medieval, pois a exemplo da idade média, estas pequenas cidades possuem os mesmos costumes daquelas pequenas vilas ou aldeias formadas por "servos" que tinham o direito de cultivar a terra em troca de moradia e proteção das "famílias nobres" que davam um pouco de comida e proteção para seus vassalos. Enquanto isso os "feudos" eram transferidos de forma hereditária.


Vamos fazer esse paralelo? Observem a sua volta. Vamos usar como exemplo uma pequena cidade do interior paulista que possui como característica principal a monocultura da cana-de-açúcar.

No inicio do século XX, por volta do ano de 1911, instala-se uma usina de açúcar e álcool as margens de um grande rio e de forma continua e regular o proprietário da usina começa a comprar todas as pequenas propriedades de terra a sua volta. Mais adiante começa a emprestar dinheiro para os moradores deste povoado, que devido aos altos juros, acabam entregando o restantes das terras a este mesmo "coronel". O tempo passa, estamos em 2011, ou seja, 100 anos depois. A usina ainda existe e a cidade continua cercada por canaviais e a eleição para prefeito se aproxima. Começam as conversações e as negociatas das "famílias nobres" para a campanha vitoriosa.

Duas "famílias nobres" decidem lançar candidatos separados, mas não por inimizade, e sim por entenderem que dividindo os votos, o candidato da situação sofrerá uma perda considerável de eleitores, ou melhor, perderá o apoio da massa de "servos". Chega 2012, e com ele as eleições municipais, que elege um dos candidatos de "família nobre" e renova-se a Câmara Municipal, mas claro, que a "posse" dos cargos de vereadores são transferidos hereditariamente. Assim mantem-se a mesma fotografia da Idade Média, e o "nobre" prefeito, para "pagar" pelo apoio dos outros "nobres" começa a sua estratégia de nomeações da, segundo ele, melhor equipe já vista na história da cidade. Mas para a surpresa geral, nomeia-se os filhos dos amigos. Em segundo plano, distribui pequenos cargos, de menor importância, para os "amigos servos" mais fiéis, aqueles que sempre estiveram ao seu lado a vida toda.

Pronto! Está desenhado o cenário para mais 4 anos de "nada" ou "coisa alguma" porque infelizmente os cargos de confiança estão ocupados por pessoas amigas, fiéis e "incompetentes". Para quem, como eu, já atuou por muitos anos na iniciativa privada, fica fácil fazer esta análise, pois sabemos que quando um gestor assume um cargo novo, tem que identificar os gargalos e as falhas no processo para depois desenhar uma estratégia de curto, médio e longo prazo e ai sim, começar a "gerenciar" o planejado. Mas como cobrar de uma pessoa que nunca trabalhou na vida um planejamento desse tipo? Se ele está acostumado a olhar em voltar e ver um monte de pessoas de braços cruzados, a sua reação será cruzar os braços e copiar o que funciona, ou melhor, o que nunca funcionou.

Existe outro cenário, ainda mais perigoso. Este "amigo" do prefeito, na tentativa de mostrar que é competente para a população, começa a tomar decisões sem planejamento e sai construindo obras que ligam nada a lugar nenhum, plantando árvores em áreas proibidas só para dar publicidade de que entende de meio ambiente, nomeando assessores que sabem menos que ele, só para empregar o "amigo" do "amigo" e a grande massa, aplaude calorosamente as novidades, que na verdade já aconteceram nos mesmos moldes há uns 50 anos atrás, pois a "criança" não conhece a história do município e utilizará esta comunidade como "cobaia" para os próximos projetos.

Cidades nas mãos deste tipo de prefeito nunca evolui, pois ainda não nasceu nenhum Martinho Lutero para questionar a moralidade dessa escravidão religiosa e política em pleno século XXI. E o povo? Qual o papel do povo nesse cenário? Amigos, lembrem-se que é na Idade Média que surgiu a figura do "Bobo da Corte".

Mas não adianta divagarmos sem dar uma solução. Esta solução existe e é muito simples de ser implementada mas, vai depender da coragem e da malícia dos Administradores Públicos que estão sendo formados nas Universidades Federais pelo Brasil afora. Estes profissionais encontrarão uma oportunidade nunca sonhada na história do Brasil, a oportunidade de desenvolver projetos de 30 anos para as pequenas cidades, com foco na qualidade de vida e na geração de emprego e renda, mas não se enganem, todos estes profissionais, no melhor sentido da palavra, irão encontrar políticos também profissionais, mas na arte de enganar, manipular e talvez até matar pela manutenção do poder. E saiba que a mudança seria maravilhosa para todas estas cidades, mas o medo dos atuais políticos pode levar estas pequenas "vilas feudais" a amargarem mais 100 anos de paralização. Os "nobres" não vão dar facilmente uma oportunidade para quem realmente entende de gestão municipal pelo simples fato de que receiam criar futuros "inimigos" políticos, obrigando-os a dividir para conquistar mais uma vez.

Pense nisso e reflita, como está a administração de seu "feudo" chamado popularmente de cidade?

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